Sebastião Brito
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Têmpera

A vida...
Não a tenho
deram-me por empréstimo
sem dizerem-me da efemeridade
o moço plantou a árvore
e pôs o tolo vígil
e se não chover?

bocas famintas habitam em todas espécies
malditas aquelas que medem com a língua!...
têm o condão de ver-me por dentro?

E não me falaram
da amargura da chegada de mãos vazias
da suavidade da letargia
do horror da vida sem poesia

Ensinam com as delícias do saber
a mim somente a inquietude
sorvida toda minha juventude
reflete-me as longas orilhas sem porto

E deram-me
pernas curtas
extensões inimagináveis
mas supersônicos rompem a barreira do som

Tive que ensinar-me
o caracol não vai a lugar algum
não nasci com carapaça
os devoradores de proteínas vivem famintos

Aprendi
saborear o insípido
distinguir o inodoro
ao meu olhar todas imagens são vívidas

Sou extremo...
penso...
tudo em mim é intenso

Sou assim...
cresci na fartura de carências
na aspereza do não ter
na nobreza de ser
não aprendi cultivar subterfúgios
faltei às aulas do postergar
nunca espero o amanhã chegar
encaro o desalinho com a têmpera do marruá

Silencio-me
para não proferir besteiras
da boca do muar nunca ouvi asneira

Seduzem-me com  outros caminhos
que buscam encantar-me pelo ócio
satanás quem me oferece
uma riqueza tão pobre

Esbarro, a todo instante
em defuntos ambulantes
humanos que morreram há tempo
e não se deram conta

Habitam em mim
imensurável amor
insuportável dor
que me remetem a ambientes ínvios

Ombreio o amor que sinto
porque meu coração
acusou o sobrepeso

E, se me permitam
o caminheiro não chegou ao destino
o Verdadeiro não  o revocou, ainda
a missão não se deu por finda.





Brito Filho Sebastião
Enviado por Brito Filho Sebastião em 12/05/2024
Alterado em 16/06/2024
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